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Reportagem palestra realizada: Márcio Pochmann: “O Brasil precisa investir em educação, tecnologia e inovação”

O professor do Instituto de Economia da Unicamp e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcio Pochmann proferiu, no dia 18 de junho, a palestra “Perspectivas do desenvolvimento brasileiro no contexto internacional”, no Campus de São Bernardo da UFABC.


 Pochmann centrou seu raciocínio numa conhecida  definição do revolucionário russo León Trotsky (1879-  1940): o capitalismo seria desigual e combinado em sua  dinâmica global. A partir daí, o palestrante traçou uma  síntese histórica do desenvolvimento econômico. Seus  marcos essenciais, no século XX, seriam a derrocada da  Inglaterra como potência hegemônica, após a I Guerra  Mundial (1914-18), a conferência de Bretton Woods  (1944), o rompimento da paridade entre o ouro e o  dólar (1971) e a queda da URSS, em 1991, que abriu  caminho para o neoliberalismo.

 

 Para ele, o comportamento recente dos EUA não é  apenas o de uma grande potência, mas o de um  Império, no sentido assinalado por Eric Hobsbawm.  Impérios exercem sua dominação por esferas amplas,  como a financeira, a militar, a cultural e a de  comportamento.

 

A concentração de poder em um Estado hegemônico é acompanhada pela concentração do capital. Segundo Pochmann, “Hoje em dia, 50% do PIB mundial vem de 500 corporações transnacionais, são responsáveis por quase 70% das inovações em ciência e tecnologia”.


Ao falar do Brasil, Marcio Pochmann lembrou que o país tem um passado de extrema desigualdade social. Apesar dos avanços dos últimos dez anos, em suas palavras, há temas que precisam de urgente reflexão. Um deles é a questão demográfica. “Há queda na taxa de fecundidade, aumento da expectativa de vida e um processo de envelhecimento da população que colocam novos desafios diante de nós. O aumento da expectativa de vida, diz ele, resultará em aumento de gastos com a Previdência, por exemplo. Novas formas de financiamento deverão ser criadas.

No âmbito educacional, decisivo para o desenvolvimento, o palestrante coloca o ensino superior como o “piso” na formação dos futuros profissionais. “A educação não deverá ter um patamar final, mas será constante e contínua”. E o sistema público deve buscar atender a essa nova demanda. O objetivo é superar uma situação de insuficiência que o Brasil enfrenta nos investimentos em ciência, tecnologia e inovação. Os resultados ainda são muito pequenos diante das necessidades do país, concluiu ele.