“Pré-sal nos coloca entre os grandes produtores de petróleo”, afirma Guilherme Estrella
Em palestra na UFABC, ex-diretor da Petrobrásfaz críticas ao leilão de outubro último
“As reservas do pré-sal deveriam ser totalmente administradas pelo Estado brasileiro, através da Petrobrás”. Assim se manifestou o geólogo Guilherme Estrella, 72, ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras, tido como o homem que descobriu o gigantesco campo. Ele não se sente à vontade com a qualificação. “Foi um trabalho de equipe”, assegura.
A afirmação foi feita no último dia 20 de janeiro, em palestra no campus de São Bernardo do Campo, da UFABC. Estrella protagonizou a primeira atividade aberta do Bacharelado em Relações Internacionais (BRI) da UFABC, em 2014.
Na parte inicial do evento, diante de um plenário lotado, foi realizado o lançamento do livro Energia e Relações Internacionais, de Igor Fuser, professor da UFABC.
A obra – que mereceu uma breve intervenção de seu autor - é uma das poucas lançadas no Brasil voltadas para a geopolítica do petróleo no mundo contemporâneo.
Grandes potências
Guilherme Estrella teceu considerações sobre o tema “O significado do pré-sal para a projeção do Brasil no mundo”. Através de uma série de dados empíricos, o geólogo evidenciou a importância dos combustíveis fósseis nas disputas internacionais, com destaque para o comportamento das grandes potências, em especial Estados Unidos e China. O pré-sal, em suas palavras, não apenas tornará o Brasil autossuficiente, como pode nos colocar como grandes exportadores do produto.
“Pelos dados da Agência Internacional de Energia – formada pelas grandes potências - o consumo do petróleo só tende a crescer nos próximos anos, elevando a possibilidade do desenvolvimento baseado em tal atividade”, diz ele. Isso pode aumentar a cobiça dos Estados Unidos, que reativaram a IV Frota, responsável pelo Atlântico Sul, em 2008. “A invasão do Iraque, em 2003, se deveu à busca pelo petróleo”, lembrou ele..
Para Estrella, as evidências de alterações no ecossistema decorrentes das emissões de gases poluentes devem ser debitadas aos países ricos, em especial. Eles são individualmente os maiores responsáveis pelos problemas ambientais registrados até hoje.
A palestra gerou debate com a platéia – formada por alunos, professores e pessoas de fora do âmbito acadêmico – e mostrou como o tema de energia suscita interesse pelo papel que tema desperta nas políticas de desenvolvimento.
Confira uma reportagem da Tribuna Santos aqui
Confira a apresentação usada por Guilherme Estrella aqui
Prof. Giorgio Romano, Guilherme Estrella e Prof. Igor Fuser
Público Presente
Professores Credenciados ao curso de Relações Internacionais e Guilherme Estrella. Da esquerda para a direita: Prof. Giorgio, Guilherme Estrella, Prof. Gilberto Rodrigues, Prof. Igor Fuser, Prof. Gilberto Maringoni e Prof. José Paulo Guedes.